terça-feira, 12 de julho de 2011

interagindo











instalação "insetos do espelho" - detalhes


















texto conceitual - insetos do espelho

Texto conceitual:

Encontrei em um livro uma foto de Alice Liddell, a garotinha que inspirou Lewis Carroll a criar a personagem do conto “Alice no País das Maravilhas”.  Carroll tirou esta foto quando Alice Liddell  tinha 7 anos, em 1859.  Lembrei-me de uma foto minha com a mesma idade de Alice Liddell e constatei uma semelhança incrível. A verdadeira Alice estava no conto e não naquela foto. A foto era apenas uma menina em pose, como a minha foto que também para mim era apenas uma menina fazendo pose e não era eu, pois já nem me lembrava mais da menina que eu fui um dia. 
Iniciei uma pesquisa procurando fotos da minha infância para com ela recriar personagens que permearam a minha própria infância. Nesta pesquisa, ora a fotografia me levava a procurar as imagens dos contos de fadas e que estavam na minha memória, ora as imagens dos contos me levavam a procurar fotografias em pose semelhantes. Essas semelhanças me     desdobram em vários personagens e são capazes de desconstruir não somente a aura do conto infantil, quanto a própria “espontaneidade” da minha infância.
Philippe Bruneau analisa o retrato a partir da pose e pausa. Ele cria uma contraposição entre pose / pausa e pessoa / sujeito. A pessoa seria um produto social e cultural e o sujeito remete ao corpo num sentido biológico. 
“Ao criar uma imagem ficcional, isto é, ao referir-se à pessoa, a pose permite analisar o retrato fotográfico pelo prisma do artifício, não apenas em termos técnicos, mas também pelo fato de possibilitar a construção de inúmeras máscaras que escamoteiam de vez a existência do sujeito original.”
Utilizo a auto-imagem (fotos da infância) como procedimento artístico e como meio de desconstrução da memória. Tudo parece ficção. O que quero passar adiante está além das minhas lembranças pessoais, o que fica é a memória compartilhada, mutável e transformadora. 

aluga-se no SAK



Estaremos em exposição até dia 07 de agosto na cidade de Svendborg, na Dinamarca.
Fica na ilha de Fyn, onde nasceu Christian Andersen o autor do Patinho Feio, A pequena Sereia, A Princesa e a Ervilha. O curioso é que o meu trabalho fala de fábulas e da infância.