domingo, 2 de janeiro de 2011

marco - museu de arte contemporânea de campo grande



Obra: Mapa afetivo e Possíveis narrativas

Descrição da obra:
Processo 1: antropologia da memória – ( mapa afetivo)
Desenhos a caneta nanquim e lápis de cor sobre papel arroz, de um mapa da cidade da minha infância. Os primeiros desenhos são fragmentos da cidade que foi nascendo das lembranças parciais só depois consegui juntar e formar a cidade completa.
Processo 2: arqueologia da memória – ( possíveis narrativas)
Colagens, fotografias, desenhos, textos
Tamanhos variáveis

Texto conceitual:

Processo 1: mapa afetivo - antropologia da memória
Queria lembrar a cidade da minha infância desenhando um mapa. Por mais que minha formação como arquiteta tenha me ajudado, eu só consegui executar o desenho do mapa através de fragmentos da memória, lembranças do passado misturadas às lembranças de sonhos (presente) formando um mosaico parcial da cidade.
O que para mim é o reencontro, o reconhecimento, é ao mesmo tempo um paradoxo – a cidade é um complexo de vazios e cheios, lembranças e não lembranças, sons e silêncios, surgindo como um gracejo misturando o real e o irreal, a realidade e a imaginação, para no final criar uma cidade autêntica.

O início de todo o processo foi a lembrança de três elementos que me marcaram profundamente e que sonho até hoje: o Rio, a Casa azul e a Árvore.
A Casa, como diz Gastón Bachelard: “ o ser abrigado vive a casa em sua realidade e em sua virtualidade, através do pensamento e dos sonhos” . A Árvore que existia na casa, uma acácia amarela que se tornou um personagem para a cidade e minha família, é a raiz, a memória. E o terceiro elemento, o Rio, que eu vejo como a passagem do tempo, o caminho a percorrer.
Os primeiros desenhos continham somente esses elementos. Às primeiras lembranças foram somadas outras, e outros desenhos foram acrescentados, cada um maior e mais completo que o anterior. Como em um travelling conematográfico, aos poucos a paisagem e sua história vai se formando diante do expectador-leitor. Expectador-leitor sim, porque ao processo plástico, vem somada à experiência literária, ao sopé da imagem, como nos letreiros de filmes, ou nos livros infantis do século XIX.  

A idéia é o senso comum universalmente compartilhado, pois a cidade conserva o essencial, o modelo, a repetição não só como objeto cidade, mas também como valores.  Ela pode passar por várias interpretações, quando o outro que a vê se identifica com ela através de outras faculdades e de outros valores morais e estéticos. Não importa minhas lembranças pessoais, mas a memória compartilhada e mutável.

Processo 2- possíveis narrativas – arqueologia da memória
Iniciei uma pesquisa através de fotografias da família, arquivos históricos, textos em jornais, cartas, pesquisas na internet. A idéia era documentar os fatos que na minha memória não sabia se eram reais ou não. Também não me importa se são reais ou não, apenas quero compartilhar estes documentos congelados, prestes a serem jogados em lixeiras virtuais e reais. Reciclar, reaproveitar o lixo das memórias vividas e compartilhadas. Demonstrar quão efêmera e passageira é a vida e só tem sentindo quando criamos narrativas, quando a reinventamos. A arte é um suporte.






tijuana - feira de arte impressa

pagina original - impressão, desenho e colagem sobre papel reciclado - 21 x 15
pagina itinerante - tiragem com 61 cópias


lançamento - galeria Vermelho - São Paulo - Brasil

sobre livros - livro de artista

exposição "sobre livros" - estante de livros de artistas - Casa Contemporânea - São Paulo - Brasil
obra: edição do caderno de anotações pessoais - memórias, idéias, desenhos







                

grava-se - edição itinerante

grava-se  foi uma edição de gravuras do grupo Aluga-se e alguns artistas convidados - este projeto nasceu nas oficinas de gravura  administrada pelo artista Giba e o lançamento foi na festa de encerramento da exposição Aluga-se
 matriz da minha gravura insetos do espelho
 grava-se em exposiçao no estúdio Valongo na cidade de Santos - SP Brasil
acima na esquerda gravura insetos do espelho

 grava-se na Bienal de São Paulo - no espaço labirintico "longe daqui aqui mesmo" dos artistas marilá Dardot
 grava-se  edição selecionada para participar na Bienal de arte de São Paulo
grava-se -  no Museo Nomade del Grabado - acima na esquerda gravura insetos do espelho

texto josé bento


Rosilene Fontes
Em primeiro lugar, imagens da natureza são desfiguradas para se obter simetria, como se, à maneira dos primeiros filósofos, fosse preciso fazer com que os seres se adequassem a uma ordem natural. O segundo momento rompe essa idéia de “harmonia pré-estabelecida” por meio da descoberta de uma ordenação do espaço que não corresponde à racionalidade, mas à “memória involuntária”. O resultado é um regresso à investigação da natureza, mas desta vez com a consciência do valor de  uma sutil assimetria, que reabilita as imagens. Em suas formas simples e individualizadas, cada uma é como o sinal de uma idéia intuitiva e emocional de natureza, uma “idéia estética”.

José Bento

conversas no aluga-se

para saber mais sobre o Aluga-se: alugase2010.wordpress.com

 Mario Gioia
 Ricardo Ohtake
 Cauê Alves
 Sergio Romagnolo
 Albano Afonso
 Fernanda Feitosa
 Fernando Velazquéz
 Marcelo Araújo
 Regina Silveira
 Lais Myrrha
 Sandra Cinto
Vilma Eid

aluga-se - obras





                  

Texto conceitual:

Processo 1: mapa afetivo - antropologia da memória
Queria lembrar a cidade da minha infância desenhando um mapa. Por mais que minha formação como arquiteta tenha me ajudado, eu só consegui executar o desenho do mapa através de fragmentos da memória, lembranças do passado misturadas às lembranças de sonhos (presente) formando um mosaico parcial da cidade.
O que para mim é o reencontro, o reconhecimento, é ao mesmo tempo um paradoxo – a cidade é um complexo de vazios e cheios, lembranças e não lembranças, sons e silêncios, surgindo como um gracejo misturando o real e o irreal, a realidade e a imaginação, para no final criar uma cidade autêntica.

O início de todo o processo foi a lembrança de três elementos que me marcaram profundamente e que sonho até hoje: o Rio, a Casa azul e a Árvore.
A Casa, como diz Gastón Bachelard: “ o ser abrigado vive a casa em sua realidade e em sua virtualidade, através do pensamento e dos sonhos” . A Árvore que existia na casa, uma acácia amarela que se tornou um personagem para a cidade e minha família, é a raiz, a memória. E o terceiro elemento, o Rio, que eu vejo como a passagem do tempo, o caminho a percorrer.





mapa afetivo: desenho nanquim e lapiz de cor sobre papel arroz
no suporte de madeira reciclada
tamanhos variáveis : 25 x 33 e 25 x 80


árvore central: desenho a lapiz sobre papel arroz : 04 desenhos 80 x 90 formando uma imagem caleidoscópica de 180 x 160 - papel arroz sobre parede
árvores lateral direita: desenho a lapiz sobre papel arroz : 03 desenhos miniaturas - papel arroz sobre parede
árvores lateral esquerda: desenho a lapiz sobre papel arroz e posteriormente faço uma montagem de repetição no papel arroz - colada sobre madeira balsa 12  imagens 15 x 10
                    

aluga-se - texto de apresentação - leda catunda


No que você está pensando agora?
"o artista deve avançar especificamente para se perder, e intoxicar-se de atordoantes sintaxes, procurando por curiosas intersecções de sentidos, estranhos corredores da história, ecos inesperados, humores desconhecidos, ou vazios do conhecimento...mas isso exige risco, cheios de ficções infundadas e arquiteturas sem fim ou contra-arquiteturas...E no fim, se é que existe um fim, estarão provavelmente apenas reverberações sem sentido"[1].
Robert Smithson
            Um grupo de artistas se reúne numa velha casa com muitos cômodos, dividem o espaço conforme seus interesses, iniciam um processo de adaptação de suas poéticas particulares levando em conta agora, as características arquitetônicas que qualificam o espaço escolhido. É uma ocupação coletiva. Todos tem o mesmo intervalo de tempo, alguns meses, cabe a cada qual a quantificação de investimentos e esforços. À princípio estão todos sujeitos à uma mesma regra e objetivo comum: acrescentar o fator de aproveitamento de um espaço dado à sua própria poética, seu trabalho, este que vem lentamente sendo elaborado desde o dia em que cada qual decidiu-se artista.
Essa ocupação surge como fator agregador de uma pequena comunidade de artistas a serviço da metáfora de transformar o mundo com sua arte, através da transformação efetiva de uma pequena parte do mesmo, no caso, essa casa.
O número de artistas surgindo de todas as partes só aumenta, assim como tem crescido o público espectador para arte. Considerando a arte ocidental, tal como a entendemos de quinhentos anos pra cá, pode-se, com segurança, afirmar que nunca houve um interesse tão grande em arte contemporânea como hoje em dia. Ansioso em participar e tomar parte dos acontecimentos ou simplesmente em busca de entretenimento, este público forma grandes filas nas portas dos museus, bem como nas infinitas bienais espalhadas pelo mundo.
Interessa observar que tipo de impulso move esses artistas, quais são seus ideais e em que nível se relacionam com o mundo. Pensar de forma geral o que pretendem com sua arte. De que forma escolherão relacionar-se com o desafio de atuar num circuito artístico, por um lado, um tanto quanto desencantado pela intensa mercantilização, onde as relações de compra e venda que se estabelecem coordenam os anseios tanto de quem compra quanto de quem vende. Desta forma, criam-se necessidades paralelas que acabam por promover um forte achatamento das leituras inicialmente pretendidas pelo artista. O alcance poético da obra ou da ação do artista tende a sucumbir a simplória valoração numérica válida para todas as coisas que habitam a esfera da simples mercadoria.
 De outro lado ainda, este mesmo artista terá que lidar com um circuito repleto de procedimentos burocratizados com editais e seleções onde, discursos coerentes sobre a produção surgem sempre acompanhados de uma boa documentação. Mecanismos através dos quais criam-se trilhas altamente previsíveis, resultando aceites e recusas inexoravelmente injustos, geralmente baseados em critérios de eficiência no preenchimento dos muitos quesitos exigidos.
Entretenimento, participação, interatividade, denúncia e engajamento politico, ecologia, ocupação, ação, representação, mobilização, residência, no que você está pensando agora? O que escolher no cardápio dos novos estilos e fazeres comuns do momento pós-histórico?
Seria saudável duvidar destes, entre outros fazeres comuns no atual universo da arte. Duvidar de seu real alcance e potencial, uma vez que se pode perceber um alto grau de padronização de atitude, uma espécie de uniformização das manifestações artísticas.
A verdadeira transformação virá, como sempre, de onde menos se espera. À medida em que o artista se submete a regras ou busca coerência com o sistema, ele deixa de investir na liberdade de pensamento e cessam os progressos na investigação do desconhecido, campo este, onde efetivamente se situa toda a área de interesse. Tarefa complexa e ao mesmo tempo estranhamente simples de dar a conhecer o que antes não se sabia, assim como fizeram Mondrian, Picasso e Duchamp, entre muitos outros. Agora não mais necessariamente para trazer o novo, como na modernidade, mas para continuamente transformar o já conhecido. É um processo ininterrupto no qual o artista permanece como ferramenta fundamental na promoção dessa transformação, criando atalhos, renovando olhares e conceitos. Aí está a razão, talvez, do brotamento contínuo de artistas por toda parte, são pessoas a quem interessa criar uma nova fachada para o mundo, novas possibilidades de compreensão do real.
Considera-se que a arte opera num campo específico, promovendo ambiguidade de sentidos através da manipulação de imagens e da criação de metáforas. Isto se dá através de uma leitura perpendicular da realidade que o artista realiza em seus voos. Através dessa ambiguidade, enxerga-se a possibilidade de reservar à arte o poder de relativizar valores padronizados, acentuando a ideia de que ela não tem uma função específica e concentrando investimentos nas sutilezas da poética proposta pelo artista.
São Paulo /Abril de 2010 - Leda Catunda
[1] Smithson, Robert. A Museum of Language in Vicinity of Art, Art international, Março/1968.

 minha sala
 eu e Mirian
preparando a montagem:
mapa afetivo
árvores